Como a sociedade atual lida com a cultura do cancelamento
A cultura do cancelamento é atualmente vinculada a dimensão das redes sociais, porém, sempre permeou a história da sociedade em diversas formas. Poucos atos de formação de comunidade e conexão são tão poderosos quanto não gostar da mesma pessoa. Tendências originárias da necessidade humana de separação entre grupos e a mentalidade de “nós” contra “eles”. Se manifestando durante o tempo em preconceito generalizado, racismo, homofobia, xenofobia e muito mais … desde a perseguição contra bruxas até as cruzadas, sempre houveram tentativas de imposição a conformidade. Caso a tal não seja seguida, exclusão seria posta em prática como ação corretiva contra os infratores.
De forma inédita, a cultura do cancelamento atual carrega ideias de justiça social e responsabilização por atos. Falas e ações ignorantes com intuito de disseminar ódio podem ver-se de cara com um oponente a altura, qual não deixa esses comportamentos passarem impunes. São diversos exemplos de internautas confrontados com falas problemáticas nas redes sociais e enviando-as para empregadores desta pessoa.Cada vez mais a cultura do cancelamento vem protegendo os direitos de minorias e abstendo a cultura popular de pensamentos arcaicos e preconceituosos.
Porém, não deixa de ser uma prática com grande poder e potencial de afetar vidas que não é acompanhada por nenhuma regra ou lei. Tudo se baseia na habilidade de convencimento e número de seguidores. Gerando, assim, uma possível prática de terror e alienação. A resposta que se encontra com o público geral é que a cultura de cancelamento virou mais um tipo de entretenimento. Onde a militância digital exagera e age com base em “mimimi” ou sentimentos “snowflake”. No qual, não se pode checar por fake news, nem entender a história de forma objetiva. Um palanque para disputa de lugar de fala.
Além de condenações erronias, a cultura do cancelamento pode levar tudo muito além. Uma terra sem lei onde não existem segundas chances e a humanidade do infrator não é considerada. Uma pessoa acusada de algum ato cancelável muitas vezes é destratada de formas hediondas e isso de forma massiva. Não possibilitando nenhum espaço para arrependimento ou aprendizagem. Claro que, muitos atos canceláveis não devem ser esquecidos, porém há uma necessidade de lidar com os mesmos de forma mais ética.
